Plano trilionário do BC europeu ajuda emergentes

Plano trilionário do BC europeu ajuda emergentes

22 janeiro 2015, 23:00
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O programa trilionário de injeção de liquidez nas economias da zona do euro, que deve ser anunciado hoje pelo Banco Central Europeu (BCE), deve desencadear busca por ativos de risco, o que favorecerá países emergentes como o Brasil. "Será um efeito semelhante ao do programa nos Estados Unidos, mas com um poder menor", disse Carlos Kawall, economista do Banco Safra.

Outro efeito possível na economia brasileira será a valorização do real frente a moedas estrangeiras, graças à atração de fluxos de capitais, uma vez que, aqui, a taxa básica de juros (Selic), que ontem foi elevada pelo Banco Central de 11,75% para 12,25% ao ano, está entre as mais altas do mundo.

"Com certeza, o efeito para o real é positivo e o tema do 'carry trade' [tomada de empréstimo a juro baixo lá fora para aplicação no Brasil] deve ganhar força nos próximos meses", previu Bruno Rovai, economista do banco Barclays.

A decisão do BCE, se confirmada, será histórica. Trata-se de mais uma tentativa de combate à deflação para reanimar a economia europeia. A ideia é lançar um megaprograma de afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), com compra mensal no mercado de € 50 bilhões em títulos públicos emitidos por governos da união monetária. É a primeira vez que o BCE recorre ao QE, instrumento usado pelos EUA na recente crise financeira mundial.

O programa pode ter duração de um a dois anos, o que pode significar injeção de € 600 bilhões a € 1,2 trilhão na zona do euro. O BCE informou no mês passado que está disposto a ampliar seu balanço patrimonial num montante entre € 1 trilhão e € 3 trilhões. Por isso, analistas passaram a apostar que o QE poderá superar € 1 trilhão.

"Em termos de montante, isso não será muito decepcionante para o mercado", disse Nick Matthews, economista da Nomura. "Em termos de ritmo de compras, está dentro da faixa que vínhamos esperando."

Quando vieram à tona informações sobre o QE, o rendimento dos títulos alemães de dez anos subiu para seu maior nível desde o fim do ano passado. Já as expectativas de inflação deram um salto. Ontem, o Stoxx 600, índice que registra a média das principais bolsas europeias, reverteu queda no início do pregão e fechou em alta de 0,6%.
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