Peugeot prevê voltar ao lucro na América Latina só em 2017

Peugeot prevê voltar ao lucro na América Latina só em 2017

6 outubro 2014, 15:00
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Um plano de "reconstrução" dos negócios da PSA Peugeot Citroën na América Latina está em curso para recolocar a montadora de volta ao caminho da rentabilidade na região nos próximos três anos. As estratégias vão de avanços na nacionalização dos carros, de forma a reduzir a exposição ao câmbio nas importações de peças, à readequação das "estruturas" a um mercado menor, passando pela presença mais agressiva no segmento premium com a marca DS.

Os dois últimos anos foram difíceis para a empresa na região, principalmente no Brasil. Em 2012, ela amargou prejuízo de R$ 381,7 milhões no país e em 2013 as perdas subiram mais, chegando a R$ 2,64 bilhões.

Tavares, presidente: "A PSA pagou custo muito alto por ter se esquecido de que rentabilidade é essencial à sobrevivência"

Ao conceder entrevista para jornalistas brasileiros durante a apresentação do salão do automóvel de Paris à imprensa, o executivo português Carlos Tavares, presidente mundial do grupo, admitiu que será difícil voltar ao azul neste ano. Adiantou, porém, que passou uma missão à filial da montadora: apresentar lucro na região até 2017.

Entre os primeiros ajustes de estruturas feitos pela empresa, a PSA encerrou o terceiro turno de produção na fábrica de Porto Real (RJ) como resultado da queda nas exportações para a Argentina, combinada ao tombo nas vendas no Brasil. A medida levou ao fechamento de mais de 600 vagas nas linhas de produção da PSA no país.

Tavares deu sinais de que os cortes podem não parar por aí. "Se o mercado consumir menos automóveis, teremos de fazer ajuste de nossas estruturas para que a empresa possa sobreviver". "A PSA já pagou custo muito alto por ter se esquecido de que rentabilidade é essencial à sobrevivência. Não podemos continuar a praticar nosso negócio com regras do passado."

O executivo disse que as duas marcas precisam melhorar a comunicação com o consumidor brasileiro e adiantou que o grupo vai trabalhar na integração local para ter mais peças produzidas no Brasil e Argentina, reduzindo dessa forma a dependência das importações e, como consequência, o risco cambial. Conforme Tavares, se a empresa for bem-sucedida em encontrar custos locais competitivos, esse aumento da nacionalização dos carros poderá contribuir para as margens de lucro.

A situação do mercado, com recuo de 9% no consumo de veículos no Brasil, mais a crise na Argentina, torna mais difícil executar o plano de reconstrução. "Espero que os países da América Latina encontrem condições para que o índice de confiança de seus consumidores possa reanimar a economia", disse o presidente global.

Tal conjuntura, disse Tavares, pesa contra novos investimentos no Brasil, que por falta de competitividade pode perder projetos para outros mercados. "Nosso plano de negócios tem de respeitar critérios de rentabilidade e, como o potencial de financiamento da empresa está limitado, se houver sinal de que não é rentável investir na América Latina, esse dinheiro pode ir para China, Rússia, Europa ou outra região do mundo em que a rentabilidade do investimento for melhor", afirmou o executivo, acrescentando que a região precisa apresentar perspectiva de crescimento e estabilidade econômica para atrair mais investimentos.

Tavares informou, por outro lado, que a empresa está avaliando desenvolver no Brasil uma rede exclusiva de concessionárias da marca de luxo, a DS, desde que haja revendedores interessados. Hoje, a montadora importa três modelos da grife no Brasil, mas a meta é dobrar para seis esse número em três ou quatro anos. Segundo Tavares, carros premium têm rentabilidade 5% superior às demais linhas. O Brasil, com quase 4 mil carros já vendidos, já é o maior mercado da DS fora da China e da Europa, onde esses veículos são produzidos

Se quer reforçar a participação nas gamas sofisticadas, Tavares descarta os segmentos mais populares. "Antes da crise, já era muito difícil fazer lucro com esses automóveis. Obviamente que depois da crise está muito pior. Aposto que não existe montadora fazendo lucro com carros do segmento A [veículos de entrada] porque os preços estão extremamente baixos e as condições, cada vez mais difíceis."


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