A estranha engenharia financeira entre Venezuela, Goldman Sachs, os chineses e o Banco Espírito Santo

A estranha engenharia financeira entre Venezuela, Goldman Sachs, os chineses e o Banco Espírito Santo

9 setembro 2014, 11:13
Acaematias
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Ontem o WSJ ficou claro que Goldman Sachs tinha realizado um empréstimo de $785 milhões de dólares a Banco Espírito Santo (BES) justo duas semanas dantes de que o banco português fosse nacionalizado. Deixando de lado o anedótico que resulta que Goldman Sachs realize um empréstimo a um banco totalmente insolvente vale a pena reconstruir toda a operativa do fluxo de dinheiro e as diferentes conexões. A meada é mais enredada que o cabelo da Gorgona, mas temos tentado esquematizar o máximo possível para que a cada um possa sacar suas conclusões:

a) Com a quebra do BES e do Grupo da família Espírito Santo soube-se que um dos principais financiadores do holding familiar era a petrolera PDVSA. Que fazia a petrolera estatal venezuelana financiando à família Espírito Santo é uma pergunta sobre a que não temos resposta.  Para surpresa de todos curiosamente em 2012 o BES decidiu que Venezuela era um mercado estratégico para o Banco e abriu escritório no país para prestar seus serviços a PDVSA, ao governo Venezuelano e aos emigrantes portugueses no país.  Para ou banco não sê se Venezuela séria um mercado estratégico mas para ou holding empresarial dá família Espírito Santo, que era um autêntico castelo de naipes em quebra, poder receber financiamento de PDVSA sem dúvida era vital.

b) No final de 2013 PDVSA outorgou um contrato de $834 milhões à empresa chinesa Wison Enginering Services Co para realizar um projecto na refinaria de Porto da Cruz. O projecto era o primeiro projecto de semelhante envergadura que obtinha a empresa no exterior. O projecto era o primeiro projecto de semelhante envergadura que obtinha a empresa no exterior. Curiosamente, Hua Bongsong, principal acionista de Wison, era detido em julho pelas autoridades Chinesas acusado de suborno.

c) Em maio de 2014 o BES aproxima-se a Goldman Sachs para que este lhe ajude a criar um SPV (special-purpose vehicle) em Luxemburgo nasce Oak Finance Luxembourg SA. Em julho, com os BES afogado financeiramente por não poder obter liquidez nos mercados, OAK Finance realiza ao BÊS um empréstimo de $835 milhões, empréstimo que ia ser utilizado pelo BES para financiar a Wison e seu projeto em Venezuela.  Em paralelo, Goldman Sachs realiza um empréstimo de $785 milhões ao 3,5% a OAK Finance cujo principal activo é o empréstimo que tem realizado ao BES .

d) Em julho o BES é nacionalizado. O empréstimo que o BES tem com OAK Finance é traspassado ao denominado Banco Bom ou NovoBanco. A estas alturas não sabemos se o dinheiro que obteve o BES de OAK Finance, isto é de Goldman Sachs ficou no banco ou foi entregue a Wison Enginering.

Como podem ver toda a malha financeira desta operação cheira mau. Ao final o que tem ficado é:

1) Um empréstimo de $835 milhões a devolver pelos cidadãos portugueses.

2) PDVSA ter ficado com vários créditos em dívida realizados à família Espirito Santo.

3) A chinesa Wison, depois da detenção de seu principal acionista, declarou-se insolvente, de modo que não poderá acabar o projeto pela que foi contratada por PDVSA.

4) O BES ter ficado com uma delegação aberta em Venezuela.

5) A família Espírito Santo (em teoria uma das mais ricas de Portugal) levou-se uns quantos milhões de PDVSA a seu bolsillo.

6) A correria de comissões deve ter sido impressionante. (hipótese do autor do pós)


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