Situação na Venezuela gera dúvidas sobre pagamento da dívida externa

Situação na Venezuela gera dúvidas sobre pagamento da dívida externa

17 setembro 2014, 13:04
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Os vencimentos da dívida venezuelana em outubro representam um terço de suas reservas declaradas em meio a uma crise de abastecimento por dívidas comerciais internas.

Entre os títulos soberanos e da estatal Petróleos de Venezuela, o país deve pagar 6,44 bilhões de dólares, um terço dos 20,8 bilhões de reservas. Para piorar, 70% dessas reservas é constituída em ouro, cuja cotação se encontra em queda há três meses.

A economia venezuelana enfrenta uma estagnação nas exportações de petróleo (que aportam 96% das divisas), uma crescente demanda de importações - 45% dos alimentos consumidos são importados- devido à queda progressiva da produção local, e denúncias de corrupção com divisas subsidiadas (em valores até 15 vezes menores do que no mercado paralelo).

Nesta terça-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou em uma escala a nota da dívida soberana da Venezuela, para CCC+, considerando "a deterioração econômica" do país, e alertando para o "risco de moratória nos próximos anos".

A nota está na categoria especulativa de risco elevado, com perspectiva negativa, o que significa que a agência pode baixá-la ainda mais no médio prazo.

O Banco Central de Venezuela (BCV) reconheceu que em 18 meses perdeu um quarto de suas reservas internacionais. A instituição atribuiu a ausência de medidas econômicas ao avanço do setor político considerado 'radical' dentro do governo diante dessa redução das reservas, suscitando dúvidas sobre as condições do governo em pagar suas dívidas com os credores.

"Parece que existe a possibilidade de não haver uma oferta de dólares suficiente para suprir as necessidades do país", afirmou David Alayón, diretor da Kapital Consultores à AFP em Caracas.

Oliveros ressalta que "não se sabe exatamente quanto o governo tem em fundos paralelos, o que exacerba o nervosismo dos mercados".

"A isso se somam a dinâmica de inação, as mudanças de funcionários públicos e a queda no preço do petróleo. São uma série de elementos que efetivamente elevam a preocupação dos investidores", diz Oliveros.

A desvalorização dos títulos venezuelanos levou o presidente socialista Nicolás Maduro a garantir na semana passada que pagará "até o último dólar" e lembrou que a Venezuela "em 15 anos de revolução tem demonstrado que cumpre seus compromissos".

Para Alayón, o pagamento pontual dos títulos tem o objetivo de manter as portas abertas para um possível financiamento externo, por exemplo em 2015, ano crucial de eleições legislativas.

"A dívida interna é uma moratória parcial, mas se não pagam a dívida externa se encerra a possibilidade de conseguir, no ano que vem e nos seguintes, um financiamento com o Fundo Monetário Internacional, por exemplo".

O enorme déficit fiscal (se estima em 15% do Produto Interno Bruto) forçou uma frenética impressão de bolívares sem lastro, que duplicou a moeda em circulação e alimentou uma inflação superior a 60%.

Sobre as obrigações em divisas para importações de bens e serviços, os atrasos somam mais de 10 bilhões de dólares, segundo dados de empresas privadas de setores de alimentos, medicamentos, transporte aéreo, insumos químicos e automotor.

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