A economia da paz

A economia da paz

13 agosto 2014, 17:29
Mansurrio
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Juan Manuel Santos começou na quinta-feira a exercer pela segunda vez a presidência da Colômbia com a tensão do equilibrista que transita pela corda bamba nas alturas. A morte de Chávez custou muito a Santos. As tratativas em Havana ingressaram hoje na zona mais arriscada. No sábado as vítimas da guerrilha serão incorporadas ao diálogo. Tem de discernir os crimes políticos dos de lesa humanidade e dos delitos comuns, como o narcotráfico. Tem de contemplar os direitos dos afetados pelo conflito e fixar a duração das penas dos guerrilheiros. E um tópico invisível na agenda: o destino das fortunas dos chefes das FARC.

O êxito das negociações teria um impacto decisivo sobre as expectativas econômicas, principalmente para a agricultura e a infraestrutura, atrofiadas pela violência.

A Colômbia conta com um setor agrícola sofisticado, que produz café, cana, arroz, flores e palma africana. A pacificação permitiria adequar grandes extensões ao cultivo de oleaginosas. São terras das planícies orientais, a chamada altillanura. Departamentos (Estados) como Meta, Cauca, Vichada e Vaupés oferecem solos semelhantes ao Cerrado, uma das plataformas fotossintéticas do Brasil.

Grandes agricultores argentinos e brasileiros viajam à Colômbia atraídos pela produção de soja e de milho se prosperar o acordo com as FARC

Já existem investimentos importantes nessa região, como os de La Fazenda, Cargill, Valorem, Grupo Sarmiento e Italcol. Os colombianos mantêm uma discussão ancestral sobre a posse da terra. As FARC têm sido a expressão sangrenta desse debate. A outra limitação ao desenvolvimento agroindustrial é o déficit logístico, pela escassa malha rodoviária. As cidades foram erguidas ao redor das primeiras riquezas, o ouro e o café, no centro do país.

São chamadas de Autopistas da prosperidade e exigiriam investimentos de 23 bilhões de dólares (53 bilhões de reais). O programa está na terceira licitação, mas avança lentamente, principalmente pelas objeções em relação ao meio ambiente.

Grandes agricultores argentinos e brasileiros vão à Colômbia atraídos pelos quatro milhões de hectares que poderão ser incorporados à produção de soja e milho se o acordo com as FARC prosperar. Essas hipóteses estão levando à alta do preço da terra. No ano 2000, produzia 526.000 barris diários de petróleo. Como afirmou The Economist no mês passado, o país se beneficiou com a chegada de engenheiros que fugiam da politizada e ineficaz PDVSA.



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