A ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), publicada na manhã de quinta-feira, sugere que as últimas projeções de crescimento da instituição não vão necessariamente se cumprir. "Foi declarado que a perspectiva de crescimento para 2017 depende de uma série de fatores que podem se tornar menos favoráveis para o crescimento" no final do período projetado, disse o BCE, no documento, referente à reunião dos dias 4 e 5 de março.
Em coletiva de imprensa que se seguiu ao encontro do mês passado, o BCE
anunciou que sua equipe previa crescimento de 2,1% em 2017. Na reunião, porém,
integrantes do conselho diretor disseram que não "estava claro até que
ponto a política monetária continuaria sendo acomodatícia em 2017, uma vez que
o programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) do BCE,
iniciado em março, deverá ser concluído em setembro de 2016".
Além disso, a ampliação do crescimento no período depende de "suposições
de que os preços do petróleo continuarão baixos e de que haverá mais
fortalecimento do comércio exterior", segundo a ata. "Neste sentido,
foi colocado o argumento de que os preços do petróleo poderão estar mais fortes
do que se prevê atualmente se a demanda global melhorar consideravelmente. Além
disso, o crescimento poderá também ser obstruído por gargalos estruturais em
alguns países."
Ainda assim, os dirigentes do BCE disseram que os dados mais recentes
justificam "um otimismo prudente" em relação ao cenário de
recuperação econômica gradual e de retorno da taxa de inflação para níveis mais
próximos de 2%.
A autoridade monetária tem meta de inflação ligeiramente abaixo de 2%. O último
indicador de inflação mostrou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na
sigla em inglês) da zona do euro caiu 0,1% em março ante igual mês do ano
passado, após recuar em ritmo anual mais forte em fevereiro, de 0,3%.
Necessidade - A ata também afirma que a perspectiva de crescimento para
2015 não significa que as últimas medidas de política do BCE eram "menos
necessárias". As projeções, diz o BCE, "confirmam que a plena
implementação dessas medidas é necessária para cumprir o mandato do conselho
diretor".
Além disso, o documento afirma que há uma visão "amplamente
compartilhada" na autoridade monetária de que o pacote de medidas
aplicadas pela instituição desde junho do ano passado é "totalmente
adequado". Por esse motivo, "não havia necessidade de tomar quaisquer
iniciativas novas" na reunião de março. "O foco agora é a
implementação determinada de todas as política monetárias que foram adotadas
nos últimos meses." Na ata, o BCE sugere ainda que o atual nível da taxa
de juros para depósitos (-0,20%) já está em seu limite mínimo. (AE)