Moody's diz que desvalorização chinesa não tem impacto no 'rating'
"A vincada correção no mercado bolsista chinês não vai ter um efeito material na economia real da China ou na qualidade do crédito soberano", escreve a agência de 'rating' Moody's numa nota aos investidores, na qual admite que a produção da intermediação financeira é capaz de abrandar devido à redução dos investimentos bolsistas, "mas isso não vai impactar de forma significativa o crescimento económico previsto de 7,4%".
A Moody's lembra, aliás, que a quebra de 32% desde meados de junho segue-se a uma valorização de 150% no último ano, e por isso considera que "as medidas do Governo são um desvio temporário face às reformas orientadas para o mercado, que não vão estragar a atuação do Executivo em termos de credibilidade das políticas e previsibilidade que apoia a qualidade de crédito do país".
A bolsa chinesa caiu cerca de 30% desde 12 de junho, quando o regulador dos mercados na China anunciou uma série de medidas que causaram pânico entre os investidores, a maioria dos quais pequenos acionistas que desataram a vender as ações para garantir dinheiro para pagar os empréstimos que tinham contraído precisamente para comprar ações.
A tradicional volatilidade dos mercados chineses fez a bolsa começar a cair, e o movimento perpetuou-se até que o Governo e o banco central resolveram intervir, suspendendo a troca de ações de metade das empresas cotadas e injetando liquidez na economia, entre outras medidas.
De acordo com um estudo da Oxford Economics, uma queda de 50% na bolsa chinesa terá um efeito de 0,2% no crescimento do PIB em 2016, mas a Moody's salienta que "o rápido crescimento no número de acionistas [subiu mais de 40 milhões num ano] implica que o efeito negativo pode ser relativamente maior".
A Moody's prevê uma expansão económica "entre 6,5 a 7,5% este ano e entre 6 e 7% em 2016, e a recente queda dos preços das ações não motiva uma mudança na estimativa de crescimento", concluem os analistas, que sublinham que a dívida pública chinesa está em 35% do PIB e que o volume de ações transacionado em bolsa representa apenas 6% do PIB de 2014.


