China antecipa “volatilidade” no yuan até a economia estabilizar

China antecipa “volatilidade” no yuan até a economia estabilizar

17 agosto 2015, 04:40
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Depois da forte desvalorização do yuan na última semana, o banco central da China (BPC) antecipa alguma volatilidade na moeda chinesa até a economia estabilizar. O cenário a médio prazo é de incerteza. O economista-chefe da autoridade monetária, Ma Jun, prevê alguma oscilação na divisa – uma trajectória mista, ora de valorização, ora de desvalorização.

Em resposta a perguntas colocadas pela Reuters, Ma Jun veio neste domingo tranquilizar os mercados, afirmando que não há motivo de preocupação e que o banco central poderá ainda intervir em “circunstâncias excepcionais” para corrigir “a excessiva volatilidade” na taxa de câmbio.

O que o economista-chefe do BPC garante é que a China “não tem a intenção ou a necessidade de participar numa ‘guerra cambial’”, o que não quer dizer que as autoridades deixem de sublinhar que estão prontas a actuar. “No futuro, se o banco central precisar de intervir no mercado, poderá ocorrer nas duas direcções [de subida ou descida da moeda]”. Mas, para já, a mensagem das autoridades chinesas é que não há razão para voltar a desvalorizar.

Na última semana, o yuan apresentou a maior desvalorização em mais de duas décadas. Entre terça e quinta-feira, o BPC depreciou a moeda com a justificação de a “ajustar” aos efeitos do mercado, registando-se um recuo de 4,5% na taxa de câmbio. O movimento deixou os investidores nervosos e só foi invertido ao fim de três dias, na última sexta-feira. Foi aí que o dólar passou a valer 6,3908 yuan (na véspera estava nos 6,3982 yuan).

Com a economia chinesa a arrefecer, a intervenção do banco central foi vista, de imediato, nos mercados como uma tentativa de fazer acelerar a indústria exportadora, ao potenciar uma descida dos preços e assim tornar os produtos mais baratos para a vendas ao estrangeiro.

A posição de Ma Jun vem confirmar declarações anteriores da vice-governadora do BPC, Zhang Xiaohui, quando disse que, depois da intervenção dos últimos dias e perante a situação económica, quer interna, quer internacional, já não se justifica continuar a “depreciação da taxa de câmbio” do yuan. O banco central fixa todos os dias uma taxa de referência e deixa que a moeda valorize ou desvalorize no máximo 2% ao longo do dia.

Se a mensagem do PBC é que o movimento de descida da divisa está concluído, há quem considere que existe margem para o yuan se desvalorizar até aos 10% (essa foi a leitura feita à Reuters por um membro não identificado de um think-tank chinês que aconselha o Governo de Pequim).

Para este ano, a previsão do BPC é que a economia registe um ritmo de crescimento próximo de 7%, o objectivo do Governo de Pequim. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) está a contar que a China cresça 6,8% e que haja um abrandamento para os 6,3% no próximo ano. Isto num cenário em que as exportações fiquem praticamente estagnadas – com uma variação de apenas 0,2% este ano e de 0% em 2016.

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