Sete estratégias para se proteger da inflação em alta

Sete estratégias para se proteger da inflação em alta

13 janeiro 2015, 14:00
Emberanu
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O índice de inflação divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira mostrou o que muitos brasileiros já estão há algum tempo sentido no bolso - uma aceleração da alta de preços.

Em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,41%, uma alta de 0,5 ponto percentual em relação à inflação de 2013 (de 5,91%). Foi a maior alta anual de preços desde 2011, quando a inflação ficou em 6,5%.

O resultado ficou abaixo do teto da meta definido pelo Banco Central (de 4,5% com margem de dois pontos percentuais para cima e para baixo), mas o ano já começa com economistas e analistas de mercado prevendo uma inflação acima da meta em 2015 (6,56%).

"A inflação de dezembro (de 0,78%), ainda que maior que a de novembro (0,51%), acabou levando o índice para baixo por uma questão estatística: em 2013 os preços haviam subido muito no mesmo período (0,92%). Foi isso que segurou o índice de 2014 nesse final de 2014. Mas em 2015 haverá uma pressão muito grande dos preços administrados, então será ainda mais complicado cumprir a meta", diz o economista Paulo Picchetti, especialista em índices de inflação da Fundação Getúlio Vargas.

Quer saber como proteger seu dinheiro da alta de preços e fazer o salário voltar a sobrar no fim do mês? A BBC Consultou analistas financeiros e economistas que sugerem sete estratégias:

1) Invista

Quanto maior a inflação, mais se perde ao deixar o dinheiro poupado parado e maior deve ser a remuneração de um investimento para que se consiga obter ganhos reais com ele.

Diante da atual volatilidade do cenário econômico, muitos analistas financeiros têm recomendado investimentos em renda fixa, como títulos do tesouro ou fundos de investimento e outros produtos financeiros atrelados a esses títulos (LCI, LCA e CDB).

"E como a expectativa é que os juros parem de subir entre abril e meados do ano, a preferência seria pelos pré-fixados", diz Michael Viriato, professor do Insper.

A poupança, apesar da vantagem de ser isenta de Imposto de Renda e taxas de administração, perde cada vez mais atratividade com a alta dos juros. "No ano passado, por exemplo, quem investiu em poupança teve um ganho real de cerca de 0,6%, quase nada", diz Viriato.

Para o economista e consultor financeiro William Eid, uma opção para quem tem mais recursos (mais de US$ 100 mil) é investir em títulos brasileiros no exterior. "Diversas empresas emitem títulos no exterior", diz ele. "Além da proteção contra inflação, ainda temos a proteção cambial."

No passado os imóveis já foram considerados uma boa proteção contra a inflação. Para Eid, porém, as perspectivas ruins para o crescimento da economia, que devem frear o mercado imobiliário, tornam a opção menos atrativa.

"Os imóveis foram um bom investimento há alguns anos porque se valorizaram bastante, mas isso foi algo pontual. Hoje não recomendo como investimento", concorda Viriato.

2) Negocie aumentos

Para que o dinheiro continue (ou comece) a sobrar no final do mês, mesmo com a alta dos preços, especialistas recomendam que, sempre que possível, se negocie os aumentos de produtos e serviços consumidos.

"É claro que você não pode pechinchar o preço da carne em um supermercado, mas talvez possa fazê-lo em um mercado de bairro em que compra com frequência", diz Mauro Calil, consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro.

“Se os aumentos da escola de seu filho não são razoáveis – se são de 10%, 20% muito mais altos que a inflação oficial (de 6,41%), vale a pena se juntar com outros pais para questionar o porquê desse aumento e pedir uma redução”, diz o economista Samy Dana, da FGV.

“Afinal, seu salário não vai subir tudo isso.”

3) Pesquise preços

Nos tempos de hiperinflação, nos anos 80 e 90, era preciso correr de uma loja a outra para pesquisar preços. E muitas vezes ao concluir qual o local mais barato, o consumidor era surpreendido por um reajuste de preços no local.

Hoje, não só a inflação em patamares mais baixos facilita a comparação, como a internet é um grande aliado de quem quer se proteger da alta de preços.

"Pesquisar preços é uma tarefa que todo consumidor deve fazer antes de ir as compras - e hoje, com a internet, isso está muito mais fácil ", diz Dana.

Ele diz que hoje as pessoas podem não só entrar no site das empresas para conferir preços, como também há uma série de apps e sites em que as pessoas podem comparar diversos lugares (como o Buscapé, Zoom e Dica de Preços, para mencionar alguns exemplos).

4) Adie compras

Muitos comércios fazem promoções depois de datas festivas. Por isso, comprar o que você precisa em janeiro, em vez de dezembro, pode significar preços bem mais baixos.

Segundo os analistas, quanto mais um consumidor adiar a compra melhor - e não só por causa da possibilidade de conseguir promoções.

"Muitas vezes as pessoas não compram por necessidade, mas por impulso", diz Viriato, do Insper.

"Ao esperar um tempo antes de comprar elas têm a chance de perceber se realmente precisam - ou querem - fazer a aquisição. Além disso, com mais tempo para pesquisar podem descobrir que a compra não era um bom negócio."