Deutsche Bank envia 6 mil milhões de dólares a cliente por engano

Deutsche Bank envia 6 mil milhões de dólares a cliente por engano

20 outubro 2015, 18:00
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Foi tudo uma questão de "demasiados zeros". O banco recuperou o dinheiro um dia depois, mas o caso representa mais uma machadada na credibilidade do banco, que já está sob apertado escrutínio dos reguladores.

O Deutsche Bank transferiu, por engano, 6 mil milhões de dólares (cerca de 5,3 mil milhões de euros) para um cliente – um hedge fund – neste Verão, num caso que está a levantar questões sobre controlos operacionais e gestão de riscos no maior banco da Alemanha.

 

O caso, relatado esta terça-feira, 20 de Outubro, pelo Financial Times, remonta a Junho deste ano, altura em que um membro júnior do departamento de mercado cambial, nas férias do seu chefe, processou a transferência utilizando um valor líquido, em vez de um número bruto. O que significa que a transacção tinha "demasiados zeros", segundo fonte citada pelo Financial Times.


O banco conseguiu recuperar o dinheiro no dia seguinte, mas o caso representa mais uma nódoa na imagem do grande banco alemão, que já está sob forte escrutínio dos reguladores, e a tentar restaurar a sua rentabilidade e credibilidade depois dos escândalos de corrupção. 

O Deutsche Bank reportou o incidente à Reserva Federal dos Estados Unidos, ao Banco Central Europeu (BCE) e à Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido. De acordo com fontes ouvidas pela publicação britânica, estes erros são "surpreendentemente" comuns, ainda que não desta dimensão.

 

Este domingo, o Deutsche Bank anunciou um plano de reorganização que inclui a divisão do seu banco de investimento em dois e a substituição de alguns gestores de topo. 

As alterações anunciadas pelo banco constituem a primeira tentativa, por parte do co-CEO John Cryan, de responder às críticas dos accionistas de que o banco é demasiado complicado e pouco rentável. O outro co-CEO do banco, Jürgen Fitschen, já anunciou a sua intenção de abandonar o cargo em Maio.

"Queremos criar um banco mais bem controlado, com menor custos e mais focado", declarou John Cryan este domingo.

A maioria das actividades da banca de investimento tem estado numa divisão conhecida como Corporate Banking and Securities. Essa divisão será dividida em duas, com uma parte focada na banca de investimento e outra nas vendas e trading.

Entre os executivos que vão deixar os seus cargos contam-se Michele Faissola, chefe da unidade de gestão de activos do banco, e Stephan Leithner, membro do conselho de administração do Deutsche Bank, cujas responsabilidades incluíam assuntos regulamentares e combate à criminalidade financeira.


Ambos enfrentaram críticas relacionadas com acusações de que o Deutsche Bank estava entre os bancos que manipularam as taxas de juro. Em Abril, o banco alemão concordou em pagar 2,5 mil milhões de dólares em coimas às autoridades dos Estados Unidos e Reino Unido. 

Em Setembro, a Reuters avançava que o Deutsche Bank planeia reduzir o número de trabalhadores em 25%, o que significa eliminar cerca de 23 mil postos de trabalho, e vender a sua unidade Deutsche Postbank. John Cryan, que substituiu Anshu Jain em Julho, comprometeu-se, no seu primeiro dia no cargo, a vender a unidade Postbank de forma "tão rápida e eficaz quanto possível".

No dia 7 deste mês o Deutsche Bank anunciou que perspectiva fechar o terceiro trimestre com prejuízos de 6,2 mil milhões de euros, um valor que a confirmar-se será o maior reportado pelo banco alemão ao longo da última década.